Quando estava escrevendo o post da revista casa antiga e das casas anos 60, fiquei pensando o quão triste era eu não ter mais as fotos das casinhas antigas que foram demolidas na minha cidade, já que essas fotos que eu tinha eram prints do google maps e o mesmo atualizou.
Só que nisso estava fuçando no maps e descobri uma função muito legal, no google street view é possível você ver todas as épocas que o carro do google passou nas ruas desde que o maps foi lançado, e nisso acabei me reencontrando com a minha cidade de 2011.
Eu me empolguei e passei umas 5 horas (ou mais) nisso haha quando eu encabulo com algo eu não tenho fim, até isso passar e eu não pensar mais sobre.
Andar pela cidade de 13 anos atrás me trouxe muitas lembranças. Parece que me encontrar com esse passado trouxe a tona em mim uma calmaria, que não é bem uma calmaria, mas sim uma satisfação e de certa forma uma esperança que eu não tenho mais hoje.
A vida parecia mais fresca no clima, não tinha tanta internet, e eu estava descobrindo o viver.
Crescer, sair da minha cidade natal, voltar as vezes e ver ela mudar mostra que o tempo passa... e eu acreditei por muitos anos que a vida não mudaria, e que nem o tempo passaria... a vida se vai igual a gente, e essa noção de brevidade e de que tudo é passageiro é meio assustadora...
Isso sem contar que me entristece ver as característica das casinhas antigas e a história da cidade ir sumindo para dar lugar a essas casas atuais, que apesar de ter uma estética popular hoje, as acho muito feias e nem por isso somente, elas parecem caixotes imensos onde as pessoas se aprisionam com receio do outro chegar perto delas, me parece uma representação clara do individualismo, do medo e dessa falsa sensação de segurança que queremos ter.
Mas não culpo quem compra, só acho feio, e meio duro até (tanto que o nome desse estilo é brutalismo né?), e não gosto do modo de como a especulação imobiliária muitas vezes tratam essas casas ou edificios antigos.
Eu tenho uma teoria de que antigamente quem conseguia adquirir essas casinhas mais bonitas e elaboradas do centro eram pessoas com melhores condições financeiras. Essas pessoas faleceram, suas casas ou foram esquecidas ou seus "sucessores" não as querem mais pois cuidar de casa antiga dá trabalho, e muitas vezes eles nem moram mais na cidade onde está a casa.
A especulação imobiliária vendo que isso dá jogo se junta a eles e mistura a fome com a vontade de comer.
As casas são vendidas e jogadas a baixo.
Nisso muitas vezes as árvores ao redor vão a baixo junto a elas.
Outra teoria que também tenho vendo tudo isso é que infelizmente quem "manda" nessas questões não são a população, não são as pessoas que frequentam, usufruem ou convivem com a cidade.
São pessoas que vivem em outro "mundo", pessoas que estão presas nas suas coisinhas individuais, nos seus carros, e nos seus abrigos com ar condicionado, elas não frequentam a rotina desses espaços então meio que não importa os hábitos, os costumes, a vida que acontece ali.
Mas isso é progredir não é mesmo? Dizem eles.
Quem liga para história, o futuro é pra frente.
Muito que bem...
Mas enfim, chega de falar por que não consigo traduzir 100% o que senti vendo essas fotos por isso vou compartilhar aqui algumas casas que se foram e que tem lembranças pra mim... começando por:
A possível casa do Manabu Mabe.
O Manabu Mabe foi um pintor japonês que mudou para o interior de SP, mais precisamente em Lins, ele junto ao Teisuke Kumasaka tem toda uma história que mistura arte e ensinamentos orientais que acho muito significativa e importante para a história da cidade.
Meu amigo disse que ele residiu nessa casa, e eu gostava de imaginá-lo pintando nela.
Paisagem de Lins, 1949 - Manabu Mabe
Óleo sobre tela, c.i.e. -50,00 cm x 60,00 cm
A casa antes de ser demolida mas com tijolos nas entradas.
Obra de Teisuke Kumassaka.
Painel criado por Teisuke Kumassaka 20-12-1962
Rua de Lins (1955)
Memorial Comemorativo aos 100 anos da Imigração Japonesa em Lins.
Tirei foto da linda modelo Carol na frente dessa casa, acho que foi em 2019.
Um adendo, as fotos de cima da colagem das casas são do maps de 2011 e as de baixo são de 2022, 2023 ou 2024.
Não muito longe dessa casa estava essa, na esquina.
O terreno dela é imenso e hoje deu lugar a 3 casas caixinhas de parede geminada, quue além de ser uma estética que não me apetece ainda faz com que os vizinhos supostamente sofram com o barulho do outro.

o adeus...
Perto dessa casa tinha um casarão de esquina que nossa, era um luxo.
Quando ele veio a baixo, o ipê branco que estava na calçada foi junto.
Demolido para dar vida a casinhas geminadas.
adeus...
O ipê.
Quando a casa estava indo.
Não muito longe dessa tinha esse amorzinho aqui.
Eu amava essa casa, o mais doido dessas casas antigas é que elas são frescas.
E detalhe eu nunca entrei em muitas desse post, mas passar perto já tinha uma brisa de frescor.
Não sei ao certo o motivo disso, se era a arquitetura, se era por causa de serem de barro ou das árvores que ficavam na frente.
A varandinha que sensacional.
Eu presenciei o fim dela...
In memoriam.
Outra casa que se foi e me deixa triste é essa aqui.
Eu achava um encanto essas janelas baixas azuis, parecendo uma coisa meio praia meio Grécia.
Ela se foi para virar...
Muito que bem.
O menino que fofo haha
Na rua dessa casa tem mais 4 lindas que se foram e elas eram impecáveis.
A primeira é essa aqui:
Olha que charme de casa, deu lugar a...
E essa de esquina era um charme também, tinha 2 pinheiros imensos na frente.
Deu lugar a outra farmácia em meio as trilhões que tem na cidade hoje...
nem reflete a manutenção dessa sociedade doente né?
E sabe o que é mais foda? Olha o fresco do clima que tem uma foto pra outra.
Na primeira o lugar parece muito mais agradável de andar no que na segunda.
O concreto reto com tinta clara reflete a luz e você se sente andando numa cidade desértica.
A imagem no google street view está branca, bem saturada de iluminação, parecendo que a luz veio e refletiu com tudo na lente da câmera.
O lado da casa era assim...
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Essa aqui eu tive que amarelar a foto de baixo no editor de tão clara que estava.
Pode ser a câmera que não estava tão boa, mas andando na rua eu fico com os olhos cerrados de tanto sol e claridade.
E também tinha essa.
Eu queria ter alugado essa na época para meu brechó mas ficou só no sonho.
O antes e depois é lamentável estéticamente.
Outra que eu queia alugar num futuro da ilusão era essa.
A casa continuou mas coitada da árvore, mano!
Isso fazem muito também, cortam as árvores como se não fossem nada.
"Ai mas estava caindo", "ai mas estava tapando a fachada", "ai mas não sei que, não sei o que lá", sempre tem gente que defende essas coisas. Olha isso...
Outra que doeu muito em mim, foi esse brilho de casa aqui.
Eu achava ela linda e maravilhosa.
Era uma casa mágica, para você tomar o seu chá das 17:00 como uma dama.
Eu amava as janelas de vidro.
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Ela se foi para virar... nada?
Essa aqui é uma bem linda e tinha uma imensa árvore na frente.
Os terrenos dessas casas costumam ser grandes ou imensos, e essa virou (mais uma vez) casas geminadas unidos venceremos...
Quando ela foi pro chão a árvore foi junto...
Essa eu tenho uma afinidade diferente, pois ela havia virado uma casa supostamente fantasma.
Os vizinhos do lado, conhecidos da minha mãe, diziam ouvir passos e barulhos vindo dessa casa enquanto estava fechada sem ninguém morando, e tinha todo um rolê da história dela.
Eu cheguei a entrar nessa casa pois uma amiguinha minha morou ai, então esse lugar ficou meio no meu imaginário, fiquei triste quando foi demolida.

Minha mãe trabalhou nessa casa, ela ainda está de pé mas a fachada fechada me entristeceu também.
Fiz curso de informática nessa daqui, eu lembro perfetaimanete eu, bem com o look anos 2000 ouvindo Umbrella da Riri nessa sacada numa gincana que teve nessa escola.
Ai esse era meu amorzinho...
Tinha bazar ai nesse espaço as vezes e uma das salas era linda, parecia um cenário de um filme dos anos 70.
Eu e minha irmã pedimos pro cara que trabalhava nessa sala deixar a gente tirar foto, e ele deixou.
Olha só... na época eu e minha irmã investíamos na estética vintage nas fotos e criámos um blog chamado Sweet Photography haha

E virou...
Essa era amorzinho demais.
Eu amava esse chafariz, uma das cores que eu mais gosto é esse azulzinho ai.
Foi pro chão.
Essa era linda e imensa.
Minha amiga da época morava perto edessa casa e disse que por dentro era demais!!

Essas aqui vieram ao chão por serem "antigas demais" acredito eu...
Todas elas estavam em caminhos que eu fazia enquanto andava pela cidade.
Essas daqui tinham aquele efeito do frescor que eu mencionei lá em cima, quando passava na frente delas...
Esse espaço eu lembro de ir quando tinha feirão, mas não era bem esse o nome, é que eu esqueci haha
Do lado tinha um clube que eu acho que também foi demolido, esse não tenho certeza do fim pois faz tempo que não ando por essas bandas.

Demolidas não, reformadas...
aham... sei
Essa eu ainda estou com medo da reforma, pois a mesma tem tirado muito suas características originais.
Nada de vintage por aqui...
O abandono da bichinha...
O abandono do bonito.

De posto a ...
Olha o clima de uma pra outra.
De casinha a ...
Essa casa também foi palco de cenário para fotos que tirei com o brechó da modelo Sara.
Não é meio agressivo como fica a estética da casa?
Vai com deus árvores...
A casa do post da Cláudia era assim.
Encontrei ela na imobiliária e o valorzinho...sem comentários, mas se eu tivesse grana eu comprava só por ser uma casa antiga haha.
Mais uma vez a árvore foi sem dó...
Até as árvores do calçadão não sobreviveram.
Bom agora vamos pras minhas da infância que tive mais contato e um pouco do bairro que morei.
Por muitos anos eu morei nessa casa e eu tenho pesadelo com ela até hoje haha
Tudo muito nebuloso, a gente ouvia de noite uns barulhos vindo do chão que ninguém sabia o que era, era uma época diferente, crescer ai fez a casa ter seus mistérios.
A casa da minha melhor amiga ficava aqui.
Outra amiga meio amigas e rivais, morava aqui.
Ela era meio riquinha e tinha lindas barbies originais haha
Essa casa não tinha esse muro azul, e um dia eu plena indo para escola recebo uma aguada vindo do ceú, era da senhora que estava regando as plantas ali em cima.
Ela pediu desculpas? Não, ela riu da minha cara 🤡hahaha que ódio.
Essa casa também era de uma coleguinha da infância e tinha um fundo imenso para brincar.
Essa era especial, ela é imensa e foi divida em várias casas, uma delas era toda aberta.
Eu amava essa casa.


Essa aqui, são só kitnets mas por algum motivo marcou meu caminho pois estava num percurso que eu sempre fazia para ir no centro.
Esse local não tem nada de mais, só que quando eu era criança amava subir correndo essas escadas e descer correndo a rampa, toda vez que passava na frente, eu fazia isso.
Ai um dia um moço do salão brigou com a minha mãe, chamou a atenção dela para eu não fazer mais isso que o incomodava. Que chatungo haha.
No fim foi reformado e tudo isso é passado...
Eu aproveitei para revisitar alguns locais da infância como esses:
Casa da adolescência dos meus primos que também me trás alguns pesadelos haha.
Essa casa antiga hoje está com muro alto, mas achava legal ela ser assim.
Essa portinha sendo aberta era uma loja de japonês que tinha coisas que eu queria comprar mas nunca tinha grana.
Foi graças a essa padaria que descobri meu amor por padarias.
Essa vendia o melhor brigadeirão de todos! (Não sei se ainda vende)
Esse mercadinho marcou, eu tenho uma história da rua onde ele fica.
Uma noite minha prima e irmã relataram ver um ovni sobrevoando as casas que ficavam do lado desse mercadinho, elas chegaram apavoradas em casa e separadas uma da outra desenharam o que viram aquela noite. O desenho lembrava tipo um prato com luz, sei lá, eu era bem criança e achei um surto haha
Mas minha mãe ama esse ocorrido, ficou pra história.
Hoje o local é igreja.
Frigorífico abandonado dava medo, hoje ainda continua abandonado só está mais zoado.
Orelhão que minha mãe ligava muito pro meu pai haha
Quando as árvores dessa rua foram cortadas eu chorei achando que o horto ia pro saco.
Corta pra elas nos dias de hoje, cresceram de novo. Uhull
Esse era terreno e virou prédios.
Algumas casas que estão indo pro chão nos dias de hoje.
Essa aqui eu não me conformei, ainda está no processo de demolição.
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Ela tem um quintal imenso cheio de árvores que eu acho que vai embora também, agora é só aguardar...
Essa aqui também, eu achava bem fresca essa rua com as árvores.
Agora é adeus e virar possível casa caixote.
Talvez o caixote seja o caixão delas...
Bom por enquanto é isso.
Ainda faltou algumas casas pois tirei prints de várias, mas vou fazer o post só com essas mesmo pois já está imenso isso aqui.
Não tenho conclusão maiores a não ser que acho triste ver as casas indo ao chão, mas sei que isso é meio nosso modus operandi por aqui, o rolo compressor passa por cima de tudo em prol de grana e chama isso de progresso...
Eu odeio a ideia de conservadorismo, mas eu quero mais que esse tipo de progresso em prol de financeiro se lasque.
E é isso
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