Acredito que quem lê esse blog conheça a minha trajetória com o 3 Marias Brechó, mas pode ser que não por que também pouco importa hahaha mentira, importa.
Importa tanto que irei fazer postagens consecutivas aqui no blog com um pouco da história do brechó.
Estou fazendo isso pois tudo o que vivi nesses 9 anos foi significativo pra mim e quando eu terminei estava abalada e só queria sumir e me afastar. Agora que as coisas acalmaram e os meses passaram, eu retorno.
Bom, o 3 Marias Brechó nasceu em 2014. Minha irmã teve a ideia de iniciar um brechó online pois na época os blogs estavam em alta e minha família sempre frequentou brechós, desde quando éramos crianças. Daí minha irmã postava os looks que encontra o brechó no blog e nas redes (que na época não era esse inferno que é hoje), e as pessoas gostavam e perguntavam "Nossa De onde você encontrou? quero!".
Assim a ideia nasce, levar essas peças para as pessoas.
Minha irmã gostava de peças vintages, na época estava em alta o estilo retrô, instagram com aquele filtro amarelado, Paris, estampas de papel de cartas antigos e relógios antigos, oxfords, Kombis e Zooey Deschanel. Sabe essa época?
O que deu certo, pois desde que nasceu a ideia do brechó foi levar o vintage as pessoas de modo a ser usado no dia a dia.
Minha irmã me chamou para fazer parte desse projeto e eu aceitei, minha mamis acabou entrando junto no apoio e assim formamos nós três o brechó.
O nome surgiu pois sempre foi nós 3, eu minha irmã e minha mãe, e na hora casou. Nome fácil, legal e que abrangia as mulheres. Nós mulheres Marias hahaha.
Minha irmã é uma pessoa muito determinada no que deseja, ela ia atrás de tudo o que era mais social e eu ficava na parte estética.
Então o brechó foi crescendo na cidade, uma coisa que ajudou muito foi chamar as pessoas para participar do nosso projeto.
A cidade que morava era pequena, não tinha nada diferente, então nossos amigos artistas e mais alternativos gostaram da nossa proposta e aceitavam a tirar fotos para a gente como modelos, se sentiam felizes e a gente também.
Nisso conseguíamos mais visualizações, o que ajudava no nosso marketing que era brechó é para todos, e encontramos pessoas muito queridas e importantes nesse caminho, que abraçavam a causa.
Um detalhe muito importante e curioso é eu demorei para gostar realmente de brechós, tinha muuita preguiça de procurar e não via muita beleza nas peças já que meu estilo era mais o kawaii, e ullzzang na época. Depois fui mudando e mudei muito, hoje meu guarda roupa é 95% brechó.
Voltando, estávamos empenhadas em continuar e nisso ganhamos mais uma integrante no brechó, a Le, ela fez moda e ajudava a gente nas questões de composições, tendências e tudo mais.
Mas o nosso foco mesmo era agregar as pessoas, nisso participamos de eventos, fazíamos muitos bazares de garagem e editoriais com o pessoal.
Demos inicio ao desfile moda sem gênero que no nosso meio ali, foi um arraso, coisa nova pra cidade pequena sabe? Acho que foi isso.
O brechó nunca deu muita grana, mas dava de um modo que conseguíamos continuar.
Com o tempo abrimos um espaço físico com parceria da nossa amiga que tinha um sebo, daí era livro e moda antiga (e claro, os eventos de arte e cultura que procurávamos fazer).
Depois de um tempo não deu mais certo pois começou a ir pouco cliente e fechamos nesse espaço.
Mudamos de casa para uma que tinha uma pequena loja em baixo e reabrimos o brechó.
Esse espaço era lindo, cheio de colagens, várias araras e muita arte.
Mas com o tempo também não deu certo.
Acho que talvez a cidade não suportava o brechó e falhamos no marketing.
Nessa época já tínhamos uma conta online no insta e começamos a vender por lá.
Vendia numa quantidade Ok, sempre mantendo a ideia do vintage, da singularidade e do é pra todos (todes, já diz Karol com K).
Eu e minha irmã mudamos de cidade e passamos a vender somente na internet.
Na internet no ano de 2018 aproximadamente o brechó estourou! Ganhávamos mais ou menos 25, 30 seguidores por dia e eu nem sei como. Na época era muito e hoje também é, não tinha algoritmo louco insano igual hoje, não tinha vídeo, não tinha nada disso, era autêntico. Nisso o brechó teve muito seguidor em um ano somente.
Fotos tiradas em 2018 eu acho pelo nosso amigo Maican.
E fomos seguindo, mas de tanto seguir, isso era mais ou menos 2019 as redes foram mudando, o publico foi mudando, minha irmã voltou para nossa cidade e eu fiquei sozinha nessa.
Era difícil, a vida estava difícil eu tive que recomeçar com o brechó sem ter terminado.
Eu até que consegui, a pandemia começa em 2020 e bem no começo o pessoal estava querendo gastar, sei lá o por que, mas me ajudou.
Ai resolvi abrir um site depois de ter sofrido muito nas mensagens e deu bom, as peças estavam ali mais fácil para o cliente ter autonomia, era tudo de legal.
A gente já tinha aberto um site antes, mas não tinha dado certo pois o nosso público na internet era pequeno na época.
(irei explicar melhor os anos de 2018 a 2023 nos próximos posts).
Até que as coisas foram apertando, entra ano e sai ano e a pandemia ai, todo mundo surtado.
E eu já não aguentava mais, eu fui perdendo o brilho disso tudo, e começou nascer em mim uma aversão ao mundo do sbrechós.
Eu odiava as meninas mimadas querendo tudo no tempo delas, odiava a ideia de brechó como status, odiava ver as pessoas cobrando muito caro nas peças como a desculpa do serem vintages ou raras, cobrando caros em peças que provavelmente adquiram por valores acessívei.
Eu odiava a ideia da super exaltação do vintage, E odiava a incoerência de ver essas mesmas peças sendo tratadas como lixo no bazar que trabalhava como voluntária.
Odiava o fato de só quererem um tipo de peça pois virou tendência de moda, odiava as pessoas que diziam que as peças eram de épocas que não eram e nessa desculpa acabarem vendendo por muito mais caro e vendiam, e eu tchonga que tentava fazer o corre certo, não vendia, não era o suficiente por que não havia a indução no consumidor de que aquilo era especial e te tornaria especial.
Eu odiava o ritmo que as redes estavam tomando, ter que ficar distraindo pessoas vazias para elas se sentirem bem ao consumirem algo físico, odiava o fato de fazer todo o trampo e não vender, e eu levei por tanto tempo isso.
Foi me deprimindo, era como estar em um relacionamento que você só fica por anos por costume não por que ama, pois não se ama mais.
Dai resolvi fechar...
E foi ótimo. O que eu vivi foi bom enquanto foi, eu não me via além do brechó, mas reconhecer o fim e ver que aquilo não vestia mais me livrou, amém!
Ainda amo o vintage, vou a brechós, e quem sabe reabra um algum dia como hobby.
O que foi valeu, mas se foi.
E assim encerramos.
Segue aqui algumas muitas fotos antigas dos primeiros anos do brechó.
Apesar de termos feito MUITOS editoriais com os amigos e parceiros, irei postar somente eu e minha irmã, pois muitas relações já se foram e também não quero expor a imagem de ninguém aqui. Era para o brechó que tiravam essas fotos.
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